A Igreja está vivendo a Quaresma que, na linguagem corrente, abrange os dias que vão da Quarta-feira de Cinzas até o Sábado Santo. Contudo, a liturgia propriamente quaresmal começa com o primeiro Domingo da Quaresma e termina com o sábado antes do Domingo da Paixão. Pode ser considerado o tempo litúrgico mais rico em ensinamentos e foi intituido como preparação para o Mistério Pascal.
Com a imposição das cinzas, se inicia uma estação
espiritual particularmente relevante para todo cristão que quer se preparar
dignamente para viver este Mistério que compreende a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.
Este tempo vigoroso do Ano litúrgico se caracteriza
pela mensagem bíblica que pode ser resumida em uma palavra: " matanoeiete", que
quer dizer "Convertei-vos". Este imperativo é proposto à mente dos fiéis
mediante o austero rito da imposição das cinzas, o qual, com as palavras
"Convertei-vos e crede no Evangelho" e com a expressão "Lembra-te de que és pó e
para o pó voltarás", convida a todos a refletir sobre o dever da conversão,
recordando a inexorável caducidade e efêmera fragilidade da vida humana, sujeita
à morte.
O jejum, prática própria deste tempo e prescrita pela Igreja aos fieis, consistia originariamente numa única refeição tomada à tardinha; por volta do século XV tornou-se uso comum o almoço ao meio-dia. Com o correr dos tempos, verificou-se que era demasiado penosa a espera de vinte e quatro horas; foi-se por isso introduzindo o uso de se tomar alguma coisa à tarde, e logo mais também pela manhã, costume que vigora ainda hoje. O jejum atual, portanto, consiste em tomar uma só refeição diária completa, na hora de costume: pela manhã, ao meio-dia ou à tarde, com duas refeições leves no restante do dia, ou seja, tomar uma só refeição, bem nutrida, e nas outras horas tomar porções mais reduzidas, suficientes apenas para saciar-se e não para "empanturrar-se";
A Igreja prescreve, além do jejum, também a abstinência de carne, que consiste em não comer carne ou derivados, em alguns dias do ano, que variam conforme determinação dos bispos locais e que, como manda a Regra do Carmo, é obrigatório ao carmelita nas quartas e sextas (assim como o jejum obrigatório também nas sextas-feiras).
Praticar a abstinência é privar-se de algo, não só de carne. Por exemplo, se temos o hábito diário de assistir televisão, fumar, etc, vale o sacrifício de abster-se destes itens nesses dias. A obrigação de se abster de carne começa aos 15 anos e deve ser observado, nos dias previstos, até o fim da vida. A obrigação de jejuar vai dos 21 aos 59 anos. Quem está doente (isto também vale para as mulheres grávidas) não está obrigado a jejuar.
Assim como no Antigo Testamento, devemos relembrar o retiro de Moisés, o longo jejum do profeta Elias e do Salvador. Este é um tempo essencialmente de mortificações, renúncias e penitências. É tempo de, unidos à Cristo, subirmos o monte em oração e seguir a Cristo até o Calvário, para então, com ele, ressuscitarmos, pois, como diz São Paulo: "Participamos dos sofrimentos de Cristo para participarmos também da sua glória" (Rom. 8, 17).
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