Ordem das Carmelitas Descalças, por exemplo, possui hoje no país mil integrantes, 300 a mais que há dez anos
Os olhos verdes de Laura, 27, brilham, e o rosto se abre em um largo sorriso ao relembrar de seus 12 anos, quando viu pela primeira vez aquelas mulheres através de grades.
"O primeiro impacto foi sentir aquela alegria delas atrás de uma grade", diz. "Decidi que queria viver também aquela mesma alegria."
Aos 15, chegou a pedir ao bispo autorização para se juntar a elas três anos antes do prazo permitido, mas só aos 18 entrou em um mosteiro em Franca, no interior paulista, onde vivem monjas enclausuradas.
Como Laura, viver em uma cela, atrás das grades, longe de parentes, sem acesso a TV e jornal, tem sido opção que cresce entre jovens monges e monjas enclausurados.
Desde o século 18, quando veio para o Brasil, nunca a Ordem das Carmelitas Descalças, à qual pertence Laura, teve tantas mulheres "atrás das grades" como neste início do século 21.
Uma das maiores do país, a ordem tem cerca de mil monjas enclausuradas. Dez anos atrás, eram 700.
Entre as religiosas clarissas, outra ordem no país, são hoje cerca de 300 mulheres, em 30 mosteiros. Em 1955, eram 59 monjas e três casas.
Também as passionistas, concepcionistas, visitandinas, trapistas e adoradoras estão entre as poucas nas quais mulheres vivem a forma mais radical de isolamento: a chamada clausura papal ou de vida contemplativa.
Ao contrário de freiras que atuam em hospitais, orfanatos e escolas, essas religiosas vivem reservadas do público -algumas até em grades.
"As grades não são para elas saírem, mas sim para ninguém entrar", resume o frei Geraldo Afonso de Santa Teresinha, 52, dos carmelitas.
O pouco contato com o mundo exterior ocorre nas missas. As monjas, porém, as assistem em uma ala no canto, isoladas por grade.
Sair do mosteiro só ocorre em caso extremo -para ir ao médico ou visitar os pais, quando estão muito doentes.
HOMENS
Entre os homens, a clausura radical é menor -no Brasil, só com os monges trapistas e cartuxos. A casa dos trapistas no Paraná foi criada em 1977, com quatro monges americanos. Hoje são 20, diz o abade Bernardo Bonowitz.
Os cartuxos, hoje em dez monges, chegaram em 1984 ao Rio Grande do Sul, também em quatro religiosos.
Mais conhecidos do público, os monges da Ordem São Bento, com um mosteiro no coração de São Paulo, também vivem a clausura, mas em um modelo mais flexível.
Com permissão, beneditinos podem ir à faculdade, ao mercado ou visitar a família eventualmente.
Cada um a seu modo, representantes das ordens são unânimes em tentar explicar à Folha a razão de, em pleno século 21, tantos jovens adotarem um modo de vida rígido que remete à Idade Média.
"O mundo oferece muito, mas são coisas passageiras. A clausura oferece algo mais duradouro, que preenche o vazio do ser humano", disse Maria Lúcia de Jesus, das irmãs visitandinas.
Os olhos verdes de Laura, 27, brilham, e o rosto se abre em um largo sorriso ao relembrar de seus 12 anos, quando viu pela primeira vez aquelas mulheres através de grades.
"O primeiro impacto foi sentir aquela alegria delas atrás de uma grade", diz. "Decidi que queria viver também aquela mesma alegria."
Aos 15, chegou a pedir ao bispo autorização para se juntar a elas três anos antes do prazo permitido, mas só aos 18 entrou em um mosteiro em Franca, no interior paulista, onde vivem monjas enclausuradas.
Como Laura, viver em uma cela, atrás das grades, longe de parentes, sem acesso a TV e jornal, tem sido opção que cresce entre jovens monges e monjas enclausurados.
Desde o século 18, quando veio para o Brasil, nunca a Ordem das Carmelitas Descalças, à qual pertence Laura, teve tantas mulheres "atrás das grades" como neste início do século 21.
Uma das maiores do país, a ordem tem cerca de mil monjas enclausuradas. Dez anos atrás, eram 700.
Entre as religiosas clarissas, outra ordem no país, são hoje cerca de 300 mulheres, em 30 mosteiros. Em 1955, eram 59 monjas e três casas.
Também as passionistas, concepcionistas, visitandinas, trapistas e adoradoras estão entre as poucas nas quais mulheres vivem a forma mais radical de isolamento: a chamada clausura papal ou de vida contemplativa.
Ao contrário de freiras que atuam em hospitais, orfanatos e escolas, essas religiosas vivem reservadas do público -algumas até em grades.
"As grades não são para elas saírem, mas sim para ninguém entrar", resume o frei Geraldo Afonso de Santa Teresinha, 52, dos carmelitas.
O pouco contato com o mundo exterior ocorre nas missas. As monjas, porém, as assistem em uma ala no canto, isoladas por grade.
Sair do mosteiro só ocorre em caso extremo -para ir ao médico ou visitar os pais, quando estão muito doentes.
HOMENS
Entre os homens, a clausura radical é menor -no Brasil, só com os monges trapistas e cartuxos. A casa dos trapistas no Paraná foi criada em 1977, com quatro monges americanos. Hoje são 20, diz o abade Bernardo Bonowitz.
Os cartuxos, hoje em dez monges, chegaram em 1984 ao Rio Grande do Sul, também em quatro religiosos.
Mais conhecidos do público, os monges da Ordem São Bento, com um mosteiro no coração de São Paulo, também vivem a clausura, mas em um modelo mais flexível.
Com permissão, beneditinos podem ir à faculdade, ao mercado ou visitar a família eventualmente.
Cada um a seu modo, representantes das ordens são unânimes em tentar explicar à Folha a razão de, em pleno século 21, tantos jovens adotarem um modo de vida rígido que remete à Idade Média.
"O mundo oferece muito, mas são coisas passageiras. A clausura oferece algo mais duradouro, que preenche o vazio do ser humano", disse Maria Lúcia de Jesus, das irmãs visitandinas.
FONTE: JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO (23/12/2012)
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ribeiraopreto/1205576-numero-de-monjas-enclausuradas-no-pais-e-o-maior-desde-o-seculo-18.shtml
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